3/27/2007

Segunda-Feira 26 de Março de 2007: Começou a Semana da Comunicação do INP

Arrancou da melhor forma o primeiro dia do ciclo de conferências da Semana da Comunicação do INP. O tema deste ano é “Comunicação: Função de Gestão”. O Dr. Carlos Vieira, Administrador-Delegado do Grupo ENSINUS, referiu-se ao INP como “uma identidade muito forte, uma marca muito grande”. Referiu-se ainda a esta semana como sendo um evento que é importante manter para o futuro.

O Dr. Alexandre Safont Tavares, actual Director Geral do INP, após o agradecimento a todos os presentes, ressalvou a importância da merecida homenagem a “um dos nossos mais distintos professores desta casa”, Professor Américo da Silva Ramalho. Esta homenagem surgiu-nos pela voz emocionada do moderador da sessão, Professor Nuno Goulart Brandão, onde fez uma breve apresentação do percurso académico, bem como do profissional, referindo que esta era “uma humilde e sentida homenagem”.

Esta distinção foi recebida pelo próprio como sendo “um acto muito bonito”. Recebeu das mãos do Dr. Safont Tavares uma lembrança institucional em reconhecimento por todo o seu esforço e dedicação ao INP e às Relações Públicas. Com carinho, Professor Américo Ramalho desejou aos estudantes presentes no auditório a continuação de “brilhantes estudos”, a confirmar a postura construtiva que sempre assumiu ao longo da sua carreira.
A este propósito o professor Nuno Goulart Brandão referiu que “o Professor Américo Ramalho sempre conseguiu na sua vasta experiência vida profissional e académica, ser um exemplo ético, de referência para todos os que lidaram com ele. E, por isso posso mesmo afirmar, que o seu exemplo e os seus ensinamentos, ainda são hoje a nossa base conceptual de referência, e sempre serão, pois fez Escola única no campo das Relações Públicas em Portugal.” Referiu, também, que “estes curtos mas esclarecedores traços de personalidade e de conduta profissional e ética fazem deste Grande Homem – um bom exemplo que devemos ter sempre presente, como referência, no passado, mas também no presente e para o futuro INP.

O Dr. José Carlos Abrantes iniciou a sessão.
No ano em que se assinalam os dez anos da Provedoria do Diário de Noticias, o Professor José Carlos Abrantes abordou vários temas, começando pelo facto de ser Provedor há três anos. Salienta, já no fim do seu mandato como provedor (que termina no próximo mês), que foi com muito agrado que desempenhou esta função. “Para mim tem sido uma tarefa surpreendente”, disse, mas salientou também o facto de terem existido alguns percalços, pois é uma função que implica uma certa conflitualidade.
As suas funções como Provedor implicam estar atento às reclamações e dúvidas dos leitores, fazer uma análise crítica dos media e conceber uma crónica sobre as criticas e e-mails que chegam dos leitores. Realçou que o Provedor não pode imediatamente agir, pois tem de ouvir os jornalistas visados nas reclamações, tendo estes 72 horas para responder às acusações de que são alvo.
No fim da sua intervenção, fez um balanço positivo da actividade que exerce. O site através do qual as crónicas por si publicadas podem ser consultadas, bem como outras informações que suscitem interesse por parte dos leitores, está disponível em http://www.josecarlosabrantes.net/.

Dr. José Nuno Martins, Provedor do Ouvinte foi o segundo convidado a prosseguir a sessão. As suas primeiras palavras foram de apreço para com o INP, referindo o seu agrado por esta sua segunda presença em eventos do Instituto. Depois, abordou a sua actividade enquanto Provedor do Ouvinte, função para a qual fez questão de trabalhar numa base sistemática de recolha de dados que permitissem uma correcta compreensão e gestão da função. Deste modo, faz parte das suas tarefas entregar anualmente um relatório sobre a sua actividade, relatório este que é obrigatoriamente divulgado na RTP (disponível na íntegra em http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/ )

O relatório está dividido em três partes, Fundamentação, Quadros e Apreciações e Conclusões Finais. Na fundamentação da sua actividade e da função que exerce, destacam-se as noções de Rádio enquanto contrato de comunicação; o Serviço público enquanto serviço que elege como destinatário o Ouvinte-Cidadão; a caracterização deste ouvinte como alguém sempre disponível, que quer ouvir tudo, em qualquer parte, que não se sente excluído, é exigente e que é ele quem paga. J. Nuno Martins distinguiu a partir daqui que o Serviço Público é conseguir sempre tudo, em todo o lugar, para todos e em especial a quem paga. Neste contexto o papel do Ouvinte-Cidadão é mais do que ouvir. Não fica indiferente, procura aproveitar e reelabora o que ouve; a ideia segundo a qual os profissionais de Rádio são elementos activos e conscientes do Ouvinte-Cidadão na elaboração do serviço radiofónico; o lugar do Provedor do Ouvinte, que deve atender à perspectiva do Ouvinte-Cidadão e assegurar a fiabilidade do serviço público, pela credibilidade dos profissionais, sua ética e deontologia.

A acção do Provedor do Ouvinte consiste em “escrever, produzir, realizar e apresentar o Programa Semanal” a partir do conteúdo do quotidiano da interacção com o público.
Ao longo do seu discurso, José Nuno Martins referiu algumas das queixas que recebe diariamente, tendo como exemplo: queixas relativamente à língua portuguesa, horário em que passa o Programa do Provedor, bem como algum tipo de música inadequado em determinadas estações. O Dr. José Nuno Martins concluiu a sua intervenção salientando que “é com muito orgulho que desempenho quase no final de carreira estas funções de Provedor”.

O Professor José Manuel Paquete de Oliveira, Provedor do Telespectador foi o terceiro e último convidado a intervir e começou por afirmar que “a provedoria surgiu quando se sentiu a necessidade de criar instâncias para se gerir o público anónimo, uma vez que se sentia alguma dificuldade em fazê-lo”.
Para o provedor, esta não é uma “instância de auto-regulação”, mas sim uma “instância promotora de auto-regulação” e preparou-se para o cargo de provedor, com a leitura de relatórios e textos, baseando-se em duas definições: “ Mediatore”e “ El difensore del público”. O papel do provedor “é tentar insistir, insistir para que haja, porventura, algum tipo de alteração, modificação” nas situações que se apercebam serem menos correctas. Para o conhecido Professor, e em jeito de balanço estratégico, existem três pilares da actividade da provedoria do telespectador: como primeiro pilar, foi referido o Forte contacto com os telespectadores - há uma forte interacção com o telespectador, através da recepção de e-mails e mensagens; seguidamente o programa “ Voz do Cidadão” e por último, as mensagens dirigidas aos Directores de Informação ou de Programação (“Contacto para dentro”).

Na sua função, o Professor José Manuel Paquete de Oliveira efectuou um estudo sistemático relativo ao cariz e tema dos contactos recebidos até 31 de Dezembro de 2006. Um dos aspectos positivos realçados foi o facto de as mensagens recebidas não serem apenas queixas, mas também críticas, aplausos e sugestões. O maior número de mensagens é alusivo a queixas acerca da programação, nomeadamente sobre atraso nos horários e alterações de última hora. Por outro lado, o menor número de queixas prende-se com assuntos sobre a temática religião.

Até 31 de Dezembro de 2006, o Provedor do Telespectador recebeu 9120 mensagens (em França, para um período de tempo semelhante, foram recebidos 800 mensagens). A resposta é, nalguns casos, dirigida a um indivíduo, caso se justifique. Outras vezes, quando são assuntos de interesse colectivo, responde ao grupo de indivíduos que partilha o mesmo interesse temático.

O Professor Paquete de Oliveira concluiu a sua apresentação indicando que “os Provedores existem para tentar promover a cidadania” e que “os cidadãos podem ser mais críticos para modificar a televisão em geral”. Está disponível para consulta a página de Provedor do Telespectador em http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_telespectador/

O Professor Nuno Brandão, no seu papel de moderador, realçou a importância histórica do momento pelo facto de esta ser a primeira vez que se juntaram num mesmo espaço, a título de conferência, os três Provedores dos três meios.
















































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